quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Splendor in the Grass - O Clamor do Sexo



..."Though nothing can bring back the hour

Of splendour in the grass, of glory in the flower;

But, We will grieve not, rather find

Strength in what remains behind;"...


















William Wordsworth (comp. 1802-1804(?); publ. 1807]


Sinopse
Bud e Deanie são um casal de estudantes que vivem no Kansas, no final da década de 1920. Apaixonados, eles sofrem resistência em razão da repressão sexual da sociedade da época. A quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, atinge suas famílias, tornando ainda mais difícil o romance.


Principais prêmios e indicações

Oscar 1962 (EUA)
Venceu na categoria de Melhor Roteiro Original.
Inidicado na categoria de Melhor Atriz (Natalie Wood).


BAFTA 1963 (Reino Unido)
Indicado na categoria de Melhor Atriz Estrangeira (Natalie Wood).


Globo de Ouro 1962 (EUA)
Indicado na categoria de Melhor Filme - Drama,
Melhor Ator - Drama (Warren Beatty)
Melhor Atriz - Drama (Natalie Wood).
Direção Elia Kazan


Elenco
Natalie Wood
Warren Beatty

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Salt on our Skin - A Pele do Desejo

Salt on our Skin - A Pele do Desejo
Dir. Andrew Birkin
Produção: França/Canadá/Alemanha
Elenco: Greta Scacchi / Vicent D’Onofrio









Dois amantes não mantêm uma vida em comum, mas também não conseguem separar-se. Vivem no maniqueísmo: riqueza x pobreza, grotesco x requinte, sonho x realidade e razão intelectual x emocional sentimento. Realmente os opostos se atraem por um complexo desejo clamando por ‘completude’, seguem o caminho da Individuação onde o antagonismo é sintetizado, é conciliado com o amadurecer do tempo. ‘Complicado’ desejo que os possuíam tal qual uma entidade encarregada de levá-los a conhecer os umbrais do paraíso na supremacia do ser, para depois soltá-los a mercê do incandescente Hades.

O pensamento e o sentimento são formas alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. O pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivadas de critérios impessoais, lógicos e objetivos. A consistência e princípios abstratos são altamente valorizados, são grandes planejadores. Sentir é tomar decisões de acordo com julgamentos de valores próprios, por exemplo: bom ou mal, certo ou errado, agradável ou desagradável. Tipos sentimentais são orientados para o aspecto emocional da experiência. Eles preferem emoções fortes e intensas, ainda que negativas, ao invés das experiências “mornas”.

Jung classificou a sensação (perceptivo) e a intuição, como a forma de apreender informações, ao contrário das formas de tomar decisões e agir reflexivamente. A sensação refere-se a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos - o que uma pessoa pode ver, tocar cheirar. A experiência concreta, tangível, tem prioridade sobre a discussão ou análise da experiência. Os tipos sensitivos tendem a responder a situações imediatas, e lidam de forma efetiva e eficazmente com todos os tipos de crises e emergências. Em geral eles trabalham melhor com instrumentos do que qualquer um dos outros tipos. A intuição é uma forma de processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. As implicações em termos da experiência são mais importantes para os intuitivos do que a experiência real por si mesma. Pessoas fortemente intuitivas dão significados às suas percepções com tanta rapidez que via de regra não conseguem separar suas interpretações dos dados sensoriais brutos. Os intuitivos processam informações muito depressa e relacionam - de forma automática - a experiência passada, ou futura, como também, adaptam-na à experiência imediata. Pelo fato deles freqüentemente categorizarem em termos de material inconsciente, seu pensamento parece avançar aos troncos e barrancos.

É chamada a função menos desenvolvida em cada indivíduo, de “função inferior”. Esta função é menos consciente e mais primitiva e indiferenciada. Ela pode representar uma influência demoníaca para algumas pessoas pelo fato de terem tão pouco controle ou entendimento sobre ela.

Para o indivíduo, uma combinação das quatros funções resulta numa abordagem equilibrada do mundo. Veja C.G. Jung: “A fim de nos orientarmos temos que ter uma função que nos assegure de que algo está aqui (sensação); uma segunda função que estabeleça o que é (pensamento); uma terceira função que declare se isto nos é ou não apropriado, se queremos aceitá-lo ou não (sentimento); e uma quarta função que indique de onde isto veio e para onde vai (intuição)”.

Cada indivíduo nasce com uma das funções como principal, ela que é a fonte de nossa postura diante do mundo. Quando se atinge uma maturidade psíquica, ou seja, quando o ego se torna maduro, aprende através das experiências a lidar com suas fragilidades e não necessita se afirmar em suas potencialidades como forma de se estabelecer no mundo, então, a função inferior deixa de exercer uma ação compensatória, perde a característica demoníaca e passa a despontar de uma maneira pouco precisa, mas com necessidade de desenvolvimento; novos valores despontam. A vida tende a um eterno vir-a-ser, são novos perspectivas de desenvolvimento que o indivíduo depara. Motivo este que tornou o casal mas sereno em sua maturidade – a função psicológica. de um deixou de ser o incômodo do outro; pelo contrário, passou a ser a necessidade.

Contrariando os padrões culturais, o filme revela a função pensamento na mulher e a função sentimento no homem. Ela função pensamento auxiliado pela função psicológica sensação.

Um bom e belo filme a ser visto: bom pela riqueza dos pensamentos e diálogos dos protagonistas; e belo pela fotografia e a representação de uma vida com paixão e amor de dois seres antagônicos e ao mesmo tempo complementares. Melhor ainda deve ser o livro – a história de George, uma linda intelectual francesa de requintada educação e de um simples pescador escocês com grotesca formação, na narrativa recebeu o nome de Gavin. Nome de um cavaleiro que vem a significar a coragem dos que perderam a batalha, mas não suas almas. Leitura esta onde acredito que se possa absorver e envolver o encanto da narrativa da autora que aborda o amor, desarmando os preceitos da razão. Lembro-me de um popular dito de Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. A história, através do romantismo, vem afirmar a filosofia de Shopenhauer – embora não querendo – que as formas racionais de consciência é a essência de todas as coisas, seriam alheias à razão, ou seja, a razão estrutura e justifica a vinda tanto como fato acontecido, como potencialidade; mas a existência é concebida em algo sem propósito, através de um querer irracional e inconsciente. Ë retratada a filosofia de Shopenhauer em seu âmago: viver é sofrer; porém relata de forma leve e emocionante o fato trágico da vida. Observe Gavin citando um verso de Mattthew Arnold: “Ah, amor, sejamos sinceros um com o outro, pois o mundo que parece deitar-se frente a nós como uma terra de sonhos. Tão variado, tão lindo, tão novo. Não tem nada de certeza, nem paz, nem ajuda contra a dor, e estamos aqui numa planície que escurece levados para confusos alarmes de luta e vôo, onde exércitos ignorantes chocam à noite”. Viver é realmente sofrer e a felicidade uma ilusão a aliviar a dor de existir, mas ambiguamente, quando se cessa o romantismo para com a vida, neste instante, se é cercado por uma tênue felicidade.

É passada uma certa mensagem que o amor se torna possível devido ao fato de lidar com a falta. O popular ditado: ‘Sexo não gera amor’, é jogado por terra. Através das almas que se repeliam, inversamente as suas peles se atraíam na realização alquímica de uma ‘grande obra’ sobre a vida ativada pelo fogo do amor.

Aspectos Psicológico:

Podemos entender as avenças e desavenças do casal através das funções psicológicas no processo de Individuação. São quatro as funções psicológicas e elas formam o par polar;

Pensamento – Sentimento e Intuição – Sensação.